agosto 18, 2014

Recalculando rota


Quando algo que muda nossa vida, nossa rotina, por menor que seja, acontece, às vezes é muito difícil se reorganizar.
Não tou falando necessariamente de grandes problemas ou pequenas tragédias.
Tudo é mutável, mas parece que a gente se agarra num modelo ou num ideal e fica tentando enfiar a realidade nesse modelo de qualquer jeito.
* O namorado era todo amores e com o passar do tempo, cai na rotina (insistimos em cobrar o todo-amores sem ver as qualidades da nova fase)
* Os filhos cresceram, saíram de casa (a mãe insiste em achar que são crianças dependentes)
* O peso de antes era menor, tipo 70kg, a pessoa engorda 30kg (fica com 100kg) e quer que o corpo responda do jeito de 70kg (sofrimento pelas limitações)
* Na dieta, a pessoa se pesa e perdeu  ´só´ 3kg. Ahhhh mas eu era magra! Buáaaa (não aceita que isso é passado)

Quando você está com um GPS, erra uma entrada, ou, não necessariamente erra, mas entra numa rua que a voz da mulherzinha não indicou, ela diz ´recalculando rota´. Ok, o que vc faz?

1 - recalcula sua rota, e se encaixa na nova realidade?
ou
2 - insiste em seguir as orientações do caminho de antes, porém no percurso atual (por cima de canteiros, contra-mão, valas etc)?

Cara, a pessoa simplesmente aceita o novo percurso, se adequa à realidade e segue, não é? Nem se pensa muito nisso.
Se for parar pra aplicar o conceito na vida, tudo se simplifica.
O garoto que perdeu o braço pro tigre no zoológico de Cascavel fez o que? Já começou a escrever com a mão esquerda, já tenta tomar banho sozinho. Ele vai ter que fazer isso um dia só, então pra que esperar? Do que adianta tentar fazer as coisas com o braço fantasma? Nada produtivo.
Ok ok, ele é uma pessoa excepcional. O DNA da resiliência.
Nós, pobres mortais, provavelmente ficaríamos dias, semanas chorando, sofrendo a perda do membro. Acho normal. Mas depois a vida segue, certo?
Então, porque a gente insiste em viver em realidades paralelas? Em caminhos que seriam naturais SE tal coisa não tivesse mudado o rumo? Mudou a coisa, mudou a estrada, mudou o rumo, nasce uma nova forma se de fazer a coisa.

Eu já fui magra, já fui muito obesa, já fui gordinha, já fui mais ou menos, já fui malhada, mas toda vez que fazia dieta, não importa quanto eu emagrecesse, nunca pensava ´que bom´, sempre pensava ´que droga, ainda falta tudo isso?´
Minha mente ficava numa realidade que existiu quando eu era adolescente.
Toda semana que ia na nutricionista e perdia 1 ou 2kg (maravilha!),eu não dava valor, aliás, me contrariava. Não via verdade no parabéns de ninguém. Era pouco, era devagar, era difícil. Tudo isso porque eu vivia no trajeto de magra (décadas atrás).
Fase da negação. Fase da revolta. Fase da barganha.
Mudar dói? Muitas vezes dói muito. Às vezes é alegria. E sempre implica em perdas e ganhos. E, recálculos de rota.
Ah mas eu não tinha hérnia na coluna. Ah mas eu tinha fôlego pra nadar, fazer volei, fazer balé, andar de bike. Ah, mas eu vestia roupas 44, 46. Ah meu joelho era tão bom que eu nem lembrava que tinha joelho.
Realidades passadas. Não dá pra viver a realidade de hoje, fazendo um paralelo eterno do que era, do que poderia ter sido. E pior, agir como se vivesse na realidade passada.
Claro que é importante refletir, lamentar, viver o luto, aprender e mudar ou melhorar algo, se possível. Só que sempre recalculando a rota.
Ok, eu tinha 109kg, botei o balão perdi 21kg, depois ganhei mais 10kg. Buá Buá Buá.
Acabou o BUÁ? Otimo.
Recalcula a rota.
Parte da realidade de hoje.
Tá pesando quanto?
Seu corpo, joelho, coluna aguenta o que?
Sua comida pode ser como?
Com quem vc pode contar?
E daí você parte.

Outra coisa, não dá pra se comparar com outras pessoas.
Como a Mimis, o cara da Dieta da Rede Social, a ex BBB Paulinha aqui e aqui. Eles tiveram inícios, trajetos e realidades diferentes da minha.


Paulinha


Se espelhar, se inspirar, discutir, ok, concordo. Mas não ficar na cola, fazer um decalque (alguém lembra o que é isso?)
A idéia da Dieta da Rede Social eu acho fantástica, mas acho mais fácil pra ele arranjar voluntários pois é homem (uma mulher sozinha, seria seguro nesse país?), pode se expor e é extrovertido.
A ex BBB Paulinha não tinha celulite, estrias e pochete como eu tenho (suponho que ela não tinha ou pelo menos não tanto)
A Michele Franzoni tinha a pele boa, como ela disse, e não precisou de lipo.
Não dá pra ficar só vendo o que eles têm de ´privilégio´. Todos sabemos, como é amplamente mostrado, o caminho árduo e merecido de todos eles e tantos outros. Se minhas condições são diferentes das deles, paciência, recalcula a rota.
Uma rota que seu veículo (corpo, mente, bolso, tempo) pode seguir e na velocidade dele.


Pra se inspirar

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou?